segunda-feira, 2 de março de 2015

Carlile Lavor - Secretário da Saúde do Ceará pela segunda vez, também quer mexer no que foi sua marca, há 28 anos: defende a transformação do papel e da formação dos Agentes de Saúde.

TRECHOS DA ENTREVISTA COM O SECRETÁRIO DA SAÚDE DO ESTADO DO CEARÁ - Médico Carlile Lavor. 


Carlile Lavor criou o programa de agentes comunitários de saúde
quando foi secretário pela primeira vez, em 1987. Agora, propõe
mudar o papel e a formação dos agentes, que viraram referência nacional
OP – Uma coisa que o senhor mencionou foram os agentes comunitários de saúde. Que não tinha dinheiro na época, então você tinha e equipe e não precisava ter estruturas. Era uma forma de economizar, no atendimento de casa em casa. Hoje existe outro momento. Da estruturação de Upas, policlínicas, hospitais regionais. Como o senhor vê a transformação dos agentes que virou PSF por todo o Brasil. E qual é o papel do PSF, hoje, nessa nova estrutura, como se articulam? 

Carlile – No ano passado eu estudei muito a função dos agentes de saúde no mundo. Passei sete meses na África ajudando o Ministério da Saúde a implantar e regulamentar um sistema de agentes de saúde em Angola. Tive de estudar muito como o mundo fazia. Vi que nos Estados Unidos estão usando, nos hospitais, os agentes de saúde para ajudar diabéticos. Porque é uma doença complicada o diabetes. Aparentemente, você não sente nada de início. Consegue tratar, mas é uma doença que tem uma evolução que, se você não cuida, vai perder um rim e passar por hemodiálise, perde a retina e fica cego, perde um pé... É uma doença que tem um fim muito triste se você não cuidar. E precisa de uma educação muito forte da pessoa. Muitas vezes é uma criança ou um jovem que se torna diabético. Esses conhecimentos os agentes podem levar para a família. Também não é só chegar com o conhecimento, muita gente acha que cigarro é ruim, mas entre achar que é ruim e deixar de fumar, tem toda uma evolução. Isso o agente de saúde faz em casa, um acompanhamento de como a mãe deve cuidar melhor do filho. Aquelas coisas que a gente fez em 1987, como trazer a mãe pro pré-natal, vacinar as crianças regularmente, cuidar da higiene da casa e das crianças, dar de mamar. Eram coisas difíceis. Isso os agentes fizeram naquela época. Hoje são outras doenças. É o diabetes, a hipertensão, o câncer... É a atividade física, a obesidade. A droga, que é uma das nossas maiores doenças. O agente de saúde sabe todo mundo que usa droga, e sabe quem é o vendedor. Mas não está preparado para isso. Ele só foi preparado no início, fez um curso ou outro. Mas não foi preparado agora. E é isso que nós vamos fazer, retomar um curso que em 2003 e 2004 foi definido, que é o curso técnico dos agentes de saúde.

OP –
 Preparar o agente de saúde para ter uma função diferente da que tinha na década de 1980?
Carlile – Porque hoje praticamente não precisa dizer mais a ninguém que precisa vacinar, a não ser uma família ou outra que ainda não vacina. Que precisa fazer pré-natal, hoje é exceção a mãe que não faz pré-natal. Hoje o agente de saúde para isso não precisa mais. Ou precisa muito pouco, como no caso do sarampo, agora, que uma ou outra família ficou sem vacinar. Precisa ter para isso, mas o grande trabalho dele hoje é com essas outras coisas. É o motoqueiro que anda sem capacete, é a família que o adolescentes está entrando na droga e não cuida ou a criança que não está indo para a escola... São essas outras coisas que o agente de saúde tem que fazer. 



 Leia a entrevista na íntegra:


http://www.opovo.com.br/app/opovo/paginasazuis/2015/03/02/noticiasjornalpaginasazuis,3400586/o-ceara-gasta-demais-em-saude-diz-secretario-carlile-lavor.shtml

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